segunda-feira, 23 de abril de 2007

Idade não limita busca por estágio

104 mil alunos com mais de 40 anos decidem mudar o ramo de atuação ou incrementar o conhecimento. Obrigados ou não pela faculdade, eles buscam um estágio.

Eles formam um batalhão de 104 mil alunos nos bancos das faculdades do país. Mas com uma diferença em relação a 1,5 milhão de estudantes: a idade. “São pessoas que, provavelmente, já passaram uma fase da carreira e decidiram voltar a estudar por achar que vale a pena redirecioná-la”, diz Eduardo de Oliveira, superintendente operacional do Ciee (Centro de Integração Empresa-Escola).

Levantamento exclusivo do Ciee a pedido da Folha aponta que, em 2006, 6.527 estudantes de graduação com mais de 40 anos se inscreveram na instituição em busca de estágio. Desse total, 21% (1.374) fizeram estágio no ano passado. “É um número significativo”, aponta Oliveira. “Como o estágio não inclui os encargos e não exige experiência, talvez seja até mais fácil conquistá-lo [do que uma vaga no mercado].”

A estudante de biblioteconomia Consuelo Monte, 56, está em seu primeiro estágio e percorreu oito empresas até consegui-lo. Graduada em sociologia e com experiência em grandes empresas, teve de “enxugar” o currículo, superqualificado para postos iniciantes.

“Já me perguntaram na entrevista como não tinha conseguido coisa melhor”, lembra. “Achei que a idade não me ajudaria, mas estava errada”, conta ela, hoje estagiária no Instituto da Pesca, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.Entre as vantagens, ela aponta a qualidade de vida que tem com horários flexíveis.

Apesar de os estudantes de pedagogia liderarem o ranking dos concorrentes a uma vaga, são os universitários de direito os que mais conquistam espaço. Para Oliveira, do Ciee, em geral, essas carreiras estão entre as mais procuradas para a segunda graduação -cursos que exigem estágio nos currículos. “Eles têm a maturidade que algumas vagas exigem”, destaca.

Nilson Mineo Morisava, 41, é um deles. Quando o engenheiro elétrico perdeu seu cargo de supervisor em uma grande empresa, não se abalou. Trocou posto -e salário- por um estágio em direito na área pública. “A mudança é grande. Mas campo de trabalho eu tenho”, diz ele, que cursa o quarto ano de direito. No futuro, Morisava pretende unir as duas carreiras e se tornar perito judicial.

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