terça-feira, 10 de abril de 2007

O currículo deve refletir seus interesses

Saiba como fazer um currículo honesto e interessante, mesmo que nunca tenha trabalhado

Depois de anos de faculdade, chegou a hora de encarar seu primeiro processo de seleção para se tornar um estagiário ou um trainee – e finalmente dar início à sua vida profissional. A questão agora é como chamar a atenção do recrutador e convencê-lo que você merece uma chance. Afinal de contas, por enquanto tudo o que tem para apresentar é seu histórico escolar. Mas quanto a isso, não há o que se preocupar. No caso de jovens universitários ou recém-graduados, o que conta mesmo é a formação acadêmica, de acordo com a coordenadora de projeto do Grupo Michael Page, Carolina Trindade, responsável pelo Michael Page Junior, site que ajuda empresas e estudantes a interagir. “O ano de conclusão ou o semestre cursado são informações importantes”, diz ela.

Jovens em início de carreira costumam ter energia e disposição de sobra, o que acaba compensando a falta experiência. A lacuna no currículo é compensada pelas atividades que o jovem mantém, ou manteve, sobretudo na universidade. Participação em empresa júnior ou diretórios acadêmicos contam pontos, no entender da consultora Sandra Cabral, da Cia. de Talentos. “Essas ocupações revelam um envolvimento muito mais intenso do que um programa de intercâmbio em outro país, por exemplo, no qual o indivíduo se porta de forma mais passiva”, observa ela. Não que a estada no exterior não seja bem-vista. Ao contrário. No fim de um processo seletivo, se houver empate entre dois profissionais o fato de um ter morado, estudado e trabalhado fora pode decidir o jogo. Em geral, porém, este não é um fator eliminatório. “O que vale é o que a pessoa faz com a vivência no exterior”, frisa a consultora da Cia. de Talentos.

Outro aspecto que costuma saltar aos olhos dos contratantes é a sua preocupação do jovem com o autodesenvolvimento. “As empresas querem saber quanto o candidato investe na sua formação”, sublinha Sandra. Aí entram as atividades extracurriculares, como cursos de extensão e de idiomas. Mas note bem: “Inglês fluente não é diferencial, é exigência”, avisa a consultora.

Em linhas gerais o currículo ou cadastro eletrônico (no caso das empresas que recrutam via Web) devem refletir o que o jovem realmente deseja. “Por mais que digam que não há escolha no início da carreira, as opções existem”, afirma Sandra. É fundamental que ele saiba não só o que quer fazer e onde quer trabalhar, mas também tenha claro aquilo que não quer. O risco de frustração diminui bastante quando o profissional concentra seus esforços apenas naquilo que interessa. O mais importante, porém, é que ao longo do processo de seleção o recrutador se convença de seu entusiasmo. As empresas sabem que pessoas com brilho nos olhos é que fazem a diferença.

Personalize o currículo
Com o apoio das consultoras Carolina Trindade, do Michael Page Junior, e Sandra Cabral, da Cia. de Talentos, o canal Rh preparou algumas dicas para elaborar seu currículo e para preencher cadastros on-line. Veja:

- Procure demonstrar as suas qualidades de forma sucinta, mas com clareza, deixando claro em qual área pretende atuar.

- No item formação é importante registrar o que fez, onde e quando. Informe o semestre que está cursando e/ou o ano de conclusão de cada curso.

- Algumas companhias fazem questão de saber em que colégio o candidato à vaga de estagiário ou trainee estudou no segundo grau. Não custa gastar uma linha com essa informação.

- Limite-se a relacionar os cursos de extensão que têm afinidade com a área de seu interesse. Esqueça o workshop de cinema que participou nas últimas férias se o seu foco é finanças.

- Em 2001, quando se comemorou o Ano Internacional do Voluntário, era “in” incluir atividades sociais no currículo. A moda passou e esse tipo de participação já não acrescenta muito em termos curriculares. De qualquer forma, pondera Carolina, a atividade denota mobilidade e maturidade, merecendo ao menos um breve registro.

- Não perca tempo elaborando uma carta de apresentação para anexar ao currículo. Se você for preencher formulário eletrônico, aliás, você nem terá espaço para tanto. O máximo permitido são duas ou três linhas sobre a sua área de interesse no campo da mensagem.

- E por falar em recrutamento via Web, os currículos e papel estão em baixa ultimamente. Especialistas garantem que nove entre dez empresas só recebem o documento virtualmente. Muitas nem o aceitam mais por e-mail. Assim como as companhias especializadas em recrutamento, as organizações dispõem de fichas eletrônicas para cadastro em seu site corporativo. Antes de gastar com envelopes e belos papéis, trate de navegar pela Internet.

- Se você tem um amigo ou parente na empresa em que pretende concorrer a uma vaga, pode usar o contato para que seu currículo chegue mais facilmente ao selecionador. Antes, porém, procure se certificar de que não é necessário se inscrever eletronicamente. Mesmo que essa ponte seja o presidente da companhia, você provavelmente terá de passar por todo o processo de seleção.

- A triagem dos recrutadores também é feita eletronicamente. Não adianta, portanto, enviar seu currículo para “ficar arquivado” na empresa se você não atende aos pré-requisitos da vaga. No primeiro rastreamento, o documento vai para o espaço.

- Ainda que os meios de recebimento sejam virtuais, vale a pena caprichar na apresentação. Mas nada de letras rebuscadas, cores ou elementos gráficos. O ideal é usar o programa Word e fontes tradicionais, como Arial ou Times New Roman, sem exagerar no recurso de negrito. Quanto mais limpo o currículo, melhor.

- Se você não fala inglês fluentemente, não minta. Uma hora ou outra, a máscara cai.

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